quarta-feira, 4 de maio de 2011

BELEZA

Foto da campanha real beauty(beleza real)


Beleza é simetria. Essa frase pode ser interpretada como “uma melhor disposição das formas”, em se tratando de beleza física. Há um detalhe, implícito nessa definição, que deve ser citado: O padrão!

Temos, hoje, vários ideais de beleza, mas o que muitas vezes passa despercebido é o padrão, subentendido na maioria dessas definições. Vemos pessoas, tidas como padrão de beleza, em diversos meios de comunicação, e fazemos, praticamente de forma inconsciente, uma associação desses estereótipos a pessoas que fazem parte do nosso cotidiano. Somos amantes dessa beleza monopolizada, ligada aos gostos e até interesses de outro, o qual desconhecemos, e passamos a identificar frações dessa beleza, nas pessoas que nos cercam. Criamos ou, digamos, introjetamos uma noção de belo, sempre vinculada ao que dizem ser bonito.

Afinal, o que seria a beleza, se não a união do melhor de outros, baseados em padrões previamente estabelecidos por alguém, que não nós mesmos (segundo o conceito de simetria)? A exata disposição das formas, segundo um estereótipo? Lembrem-se dos momentos de frustração, ao olhar no espelho. Já se perguntaram quanto às razões dessa frustração? Acaso quem concentra todas as características, a disposição exata das formas, tidas como ideais? São métricas e mais métricas a serem satisfeitas: Narizes, cabelos, olhos, maçãs do rosto, lábios, queixos, braços, seios, cintura, quadris, glúteos, pés... tudo entra na dança!

Há estrangeiros que dizem que a mulher brasileira é a mais bela do mundo. Por que seria? Temos uma alta gama de pessoas, nascidas da miscigenação e, por vezes, vemos quadris e lábios, típicos de uma etnia, combinados com narizes e tipo capilar de outra, em muitos casos bem distribuídos. O resultado acaba por ser um físico mais próximo do estereótipo utópico, e tão almejado. Acaso seria esta a beleza esperada: A união de frações de traços, tidos como belos, unidos em um único ser? E o que dizer de pessoas de linhagem pura (ou mais próximas disso, se é que esse tipo de pureza existe)? Não podem concentrar traços, que não encontrados em seus ancestrais. Então como poderiam ser belas, se não têm o melhor de outros? Assim, até a miss universo deve frustrar-se em algum momento, é óbvio. Houve uma modelo desse mundo de misses que, quando questionada se ela sentia-se mal, por ter uma beleza “artificial”, fruto de diversas incisões e correções, respondeu o que ninguém esperava: Eu sou o que vocês querem! Isso reforça o fundo de verdade, existente na frase “não existe gente feia, só sem dinheiro”.

Apropriaram-se da beleza e a padronizaram e, hoje em dia, a propriedade intelectual “belo”, ainda que sem um dono específico, rende uma quantia em dinheiro difícil de se calcular. Mas quem fica com esse dinheiro? Pessoas por trás de clínicas cirúrgicas, academias, revistas de diversos tipos, salões de beleza e etc... Todos ligados direta ou indiretamente a manipulação e comercialização da beleza. O pior e saber que nós consumimos esse produto. O quanto consumimos é impossível dizer, mas desde a hora em que decidimos nos arrumar pra uma ocasião, especial ou não, como trabalho, passeio ou balada, nos preocupamos em estar belos. Quanto mais importância damos ao evento, mais consumimos beleza, em forma de produto.

Aparentemente o conceito de ser bonito(a) jamais foi pensado, só o de estar bonito(a). São cosmético, roupas, calçados, adereços e outros, para ficar atraente. Isso leva a um questionamento: O que somos ao acordar?

Faça um exercício mental: Pense no que você considera, ou simplesmente aceita como padrão de beleza. Depois de feito, compare-o a você. Faça-o em detalhe, e veja o quanto você se assemelha ao seu próprio ideal. No mundo de hoje, raramente o resultado de tal exercício é positivo. Então como se livrar das prisões da beleza? Simples. Se padrão é um ideal, e ideal nos remete a idéia, podemos concluir que bonito é o que alguém pensa que é bonito, simplesmente por se sentir encantado, atraído pelo objeto nascido de seus pensamentos, e isso (esse pensamento, esse fruto da imaginação) não precisa ser levado a senso comum. O que encanta a um, não necessariamente encanta a outro. Logo, o que é bonito pra um, pode sim não ser bonito pra outro. Todos somos livres, em nossas mentes, pra concordar ou discordar de qualquer idéia, e tão pouco podemos obrigar alguém a concordar com nossas idéias e ideais. A beleza não está no ideal (ou padrão), mas naquilo que encanta. Na busca por um ideal o ser humano acaba sempre por encontrar o nada!

Psique